No contexto do atual momento vivido pelas manifestações que se alastraram pelo país nos últimos meses, tem ganhado força, no debate político, as ocupações de espaços importantes na estrutura formal de poder, temos acompanhado este processo pelas mídias em Câmaras Legislativas de diferentes cidades, em todo o país. Contudo, não apenas esses espaços têm sido alvo de ocupações, vide o exemplo da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, ou do Parque Cocó, em Fortaleza. Em Petrópolis, o Coletivo Vinagrete, propõe-se a ocupar o Coreto da Praça da Liberdade e transformá-la em palco de participação e debate político.
A ocupação será por meio de aulas públicas transmitidas ao vivo pela internet. Nosso objetivo, desta forma, é tanto realizar conferências públicas, ocupando a Praça, quanto disseminá-las ao grande público, procurando incentivar e ampliar a participação, enquanto também ocupação de espaços de discussão política.
A realização de conferências públicas se tornou parte da rotina das principais cidades brasileiras desde fins da década de 1860, quando um grupo político, autodenominado liberais radicais, sistematizou a prática destas “aulas” abertas ao público. Nas décadas seguintes, a prática se disseminou ainda mais com os movimentos republicano e abolicionista que faziam as ruas virarem um espaço concorrente à estrutura formal de poder, debatendo nas ruas a política nacional. Nas últimas décadas do século XIX, as conferências públicas eram bastante concorridas, os teatros com suas portas abertas ao público ou mesmo palanques improvisados em praças, foram palco de discussão de diferentes temas.
Reconhecendo a importância destes eventos, o próprio governo imperial passou a apoiar algumas destas iniciativas, com destaque para as conhecidas conferências populares da Glória, realizadas no Rio de Janeiro durante o período de 1873 a 1910. Abrigadas em escolas cedidas pelo poder público, as conferências foram espaço de discussão de temas variados: Literatura, História, Matemática, Biologia, Botânica, Medicina, Ciências Físicas etc.
Assim, a realização de aulas públicas está longe de ser algo inédito em nosso país. Parece, não obstante, um momento pertinente para reativar estes espaços de discussão e disseminá-los em mídias emergentes. Se pensarmos para além das ilusões produzidas pelas grandes corporações midiáticas e sua insistência num suposto “gigante” – que já desesperadamente tentam por para dormir novamente – pode-se pensar em ocupações mais duradouras. A partir de uma postura social proativa, a proposta de realização de aulas públicas pretende contribuir para a construção de efetivos espaços de debate e ação da população ciosa de uma sociedade democrática e participativa. Ocupa Coreto!
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